quinta-feira, 9 de julho de 2009

PRODUÇÃO TEXTUAL NAS ESCOLAS

LEITURA, INTERLOCUÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS

(Reorientação Curricular, 2005)
Páginas: 41 e 42


“Ler textos que circulam socialmente é também agircomo cidadão, ou seja, é responder a perguntas que devem ser feitas pelos leitores, buscar respostas para elas, isto é, interagir socialmente, pois a leitura não pára na esfera da compreensão, vai muito além, uma vez que tem conseqüências sociais imediatas. Nesse sentido, vale dizer que ler o que circula socialmente é também agir socialmente.”
(Marcondes et ali, 2000)

A leitura na escola é um reflexo da vida fora dela. Entre as motivações mais imediatas para a leitura destacamse a necessidade de reflexão sobre diferentes questões e a busca de informações, de entretenimento, de orientações para solução de problemas. Nesse sentido, nas práticas educativas, é necessário explicitar sempre a finalidade do ato de ler.

A escolha de textos que despertem o interesse dos alunos muito contribui para estimular a formação do leitor. É importante considerar a diversidade de gêneros textuais, os diferentes registros, as expectativas e dificuldades dos alunos e, também, planejar atividades de leitura livre, a fim de permitir que o aluno faça suas próprias escolhas.

A seleção de textos e as atividades propostas a partir de sua leitura precisam levar em conta as características do aluno: faixa etária, conhecimento prévio (escolaridade e vivência). Um mesmo gênero textual é estudado em diferentes séries, pressupondo uma abordagem progressiva: a partir de textos mais familiares e simples até chegar àqueles mais complexos.

Refletir sobre as diferentes linguagens em um mundo marcado por múltiplos códigos evidencia a necessidade de interpretá-los em uma leitura que não se restrinja à linguagem verbal, mas considere, também, gestos, símbolos matemáticos, lógicos ou químicos, imagens etc. A interação social plena exige o domínio de um conjunto de regras relativas a cada forma de linguagem.

Em relação ao texto, é necessário considerar que:

• o significado de uma parte não é autônomo, mas depende das outras partes com as quais se relaciona.

• o significado global do texto não é o resultado de uma mera soma de suas partes, mas de uma certa combinação geradora de sentidos.


Algumas Condições para Tornar Produtivas as Práticas da Leitura

“A leitura, na verdade, é uma arte em processo. Como Goethe, poderíamos todos reaprender a ler a cada novo texto que percorremos. Mas há sobretudo muito a aprender quando percebemos que ler não é apenas decifrar o impresso, não é um mero “savoir-faire”, a que nos treinaram na escola, mas ler é questionar e buscar respostas na página impressa para os nossos questionamentos, buscar satisfação à nossa curiosidade. Ler é sobretudo desejar, ainda mais quando o texto é literário.”
(Chiappini, 1983)


Texto Não Deve Ser Mero Pretexto

A leitura constitui uma atividade enriquecedora, pelo seu caráter informacional, questionador ou recreativo. Planejar estratégias que propiciem o desenvolvimento de habilidades de compreensão poderá tornar a leitura mais proveitosa. A atribuição de sentido às escolhas lexicais e às estruturas sintáticas, por exemplo, favorecem o entendimento.


Gêneros Variados de Textos

Na prática de leitura, devem ser desenvolvidas atividades que, ao final da educação básica, garantam ao aluno a capacidade de ler diferentes textos, de gêneros diversos: contos, crônicas, romances, poemas, reportagens, entrevistas, editoriais, charges, propagandas, tirinhas etc., interagindo com eles de forma crítica. Isso é necessário porque uma mesma habilidade de leitura pode ser exercitada em diferentes gêneros textuais e em diferentes níveis de escolaridade.


Leitura do Que Não Está no Texto

O conhecimento do código lingüístico não é suficiente para um completo entendimento do texto. É preciso, também, ativar o conhecimento textual – a identificação da estrutura do texto – e o conhecimento de mundo – informações acumuladas ao longo das experiências de vida.


Diálogo entre Textos

A intertextualidade ganha ênfase no estudo de textos. Deve-se propiciar a análise de paródias e o reconhecimento de remissões a outros textos, bem como incentivar o hábito de estabelecer as relações temáticas entre os diferentes gêneros e entre textos de épocas diversas. É importante perceber que posicionamento expressa a retomada de texto anterior: confirmar a visão de mundo apresentada (paráfrase) ou questioná-la (paródia). A leitura comparativa de textos em diálogo pode ser ampliada por meio da remissão a textos de outras disciplinas. Questões relativas a conteúdos específicos – da História, da Sociologia e da Filosofia, por exemplo – apresentam-se subjacentes ao texto literário, com muita freqüência. Práticas interdisciplinares favorecem ao aluno uma leitura crítica, pela compreensão desses entrecruzamentos.


Estudo do Vocabulário

A partir das palavras conhecidas, pode-se descobrir o sentido daquelas que não fazem parte do vocabulário de uso dos alunos. É possível inferir (deduzir) o sentido de palavras no processo de leitura, apoiando-se no contexto ou nos elementos mórficos que compõem as palavras. Uma habilidade fundamental à leitura é distinguir quando, realmente, é indispensável procurar (ou conferir) a acepção apropriada no dicionário, habilidade esta que necessita de orientação.


Leitura como Prática Diária

Convém reservar um tempo diário para a prática de leitura em sala de aula, em bibliotecas ou em outros espaços adequados a essa prática.


Formação de Leitores

Um texto, freqüentemente, admite várias leituras. Por isso, devem ser respeitadas interpretações divergentes, desde que os alunos apresentem as pistas que os levaram a determinadas conclusões. Para formar leitores críticos, que situem suas leituras em contextos precisos e, por meio delas, busquem melhorar a qualidade de sua vida, é necessário respeitar o aluno na conquista de sua autonomia.

É papel da escola priorizar a formação de leitores, implementando diversas medidas como: a revitalização da biblioteca, a formação de um acervo de livros em sala de aula, a programação de uma “Feira Cultural”, o convite de escritores para conceder entrevistas ou conferir palestras etc.


Leitura como Ponto de Partida para Produção de Textos Orais e Escritos

A dificuldade que o aluno sente em escrever sobre um determinado assunto reside, geralmente, na falta de conhecimento sobre o tema proposto e/ou sobre o gênero no qual lhe é solicitado escrever. Ao selecionar textos interessantes e representativos, o professor exerce seu papel de mediador e orientador da aprendizagem, evitando a “síndrome da folha em branco” que alguns estudantes experimentam.

• Propor a leitura de textos de diferentes gêneros, abordando determinado tema, poderá estimular o estudante a produzir seu texto.

• Apresentar textos de um mesmo gênero, com temas variados, facilita a produção textual do aluno.

O que se entende por leitor crítico?

• não é apenas um decifrador de sinais, mobiliza seus conhecimentos para dar coerência às possibilidades do texto;

• é cooperativo, já que deve promover uma reconstrução de mundo, a partir das indicações que o texto lhe oferece;

• é produtivo, na medida em que, ao refazer o percurso do autor, transforma-se em co-enunciador;

• é, assim, sujeito do processo de leitura e não objeto.
(Brandão e Micheletti, 1999)








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